Você sabe o que é um "autoriz"?

Não sabe?  Então leia este post até o final e entenderá o conceito de "autoriz", ou "authorner".

Uma característica marcante da chamada Web 2.0, denominação proposta por O'Reilly para o novo paradigma da Internet, é a do consumidor produtor, ou prossumidor ("prosumer"). Apesar desse nome horrível (Alvin Tofler, autor do livro "A Terceira Onda" e criador do termo, que me perdoe) o conceito representado, por meio da fusão das palavras producer e consumer, é muito importante e  bastante apropriado para o momento atual das redes sociais. "Prossumir" (argh...), no contexto da Web 2.0, significa, então, produzir, e ao mesmo tempo consumir, conteúdos para determinado repositório de armazenamento e troca de informações, a exemplo do que acontece em serviços como Wikipédia, Twitter e outros.

Creio que você já tenha, a essa altura, deduzido o significado de (ok, outro nome horrível...) "autoriz" ("authorner") . Sim, isso mesmo. Esse conceito, que une "autor" e "aprendiz" (ou "author" e "learner")  trata de se dar ao aprendiz o poder de também ser autor de conteúdos educacionais. Para a nova geração de nativos digitais, que passam boa parte de seu tempo livre (e também do tempo que não deveria sê-lo) "prossumindo" (ai...), "autorizar" deve ser uma postura mais natural do que a de apenas consumir conteúdos  oferecidos prontos por professores e materiais didáticos.

Mas nem sempre foi assim. Muitos alunos  pensavam, e alguns ainda pensam, que ser solicitados a elaborar monografias e apresentações de seminários são recursos fáceis, usados por professores preguiçosos (mal sabem tais estudantes que "dar" aulas expositivas baseadas em "livros-texto" é muito mais fácil e confortável para "professores preguiçosos"). Eu, que tive o privilégio, logo no início de minha carreira docente, de ter tido aulas de didática no ensino superior com o Professor Marcos Masetto, e tendo também lido seus livros, sempre procurei colocar meus alunos como protagonistas das atividades educacionais, transformando  aprendizes em autores e apresentadores. Tais atividades fazem com que haja maior envolvimento com o aprendizado e, consequentemente, com a construção do conhecimento. Outra característica é que os pares se identificam e se sentem mais pertencentes a uma comunidade quando se envolvem em atividades colaborativas e de produção e publicação de conteúdo, o que contribui para a redução de distâncias na educação. Hoje, com recursos como blogs, wikipedias, redes sociais e outros, fica ainda mais fácil engajar os alunos no papel de "autorizes", seja em cursos presenciais, na chamada modalidade "a distância" ou no conceito mais moderno de "blended learning".

Ah..., em tempo: não adianta correr para Google, Bing, Yahoo ou Wikipedia  a fim de saber mais sobre "authorner" ou "autoriz". Sinto informá-lo que esses termos simplesmente não existem (ou pelo menos não existiam até eu escrever este post ;-). Desculpem-me pelo pequeno hoax, mas retirando-se os termos por mim inventados, o restante deste post continua válido. A verdade é que sempre gostei de criar neologismos ("educação sem distância" é apenas um exemplo entre vários). Em meu primeiro livro, publicado em 1987, criei o termo "compugrafia", porque achava "computação gráfica" muito grande e inflexível (além de ser uma tradução errada de "computer graphics"). Até publiquei um artigo em um congresso de terminologia técnica, no qual esse neologismo era utilizado.  A sua sorte é que meus colegas da área, que por sinal era bem pequena e estava ainda se iniciando no Brasil, ignoraram a proposta. Caso contrário pode ser que hoje você precisaria conviver com placas e aplicativos "compugráficos". Por outro lado, teríamos o verbo "compugrafar", que considero fazer falta hoje, dada a inflexibilidade de "computação gráfica" ;-). Interessante que, coincidência ou não, o termo "compugrafia" vem sendo utilizado fora do Barsil (!). Há até uma empresa, sediada na Flórida, com esse nome. Procurando pelo termo no Google encontrei, surpreso, esse termo sendo usado em paises de lingua espanhola (!). Há até um tal de "Proyecto Compugrafia". Será que algum "hermano" leu meu livro ? ;-)).

Para finalizar gostaria de apresentar os resultados produzidos por "autorizes" ;-), muito competentes por sinal, de minha disciplina  "Uso das Novas Tecnologias em Cursos Online" do curso a distância de pós-graduação em design instrucional do Senac-SP.  Após muitas trocas de mensagem nos fóruns incumbi os alunos, divididos em grupos, a compilarem e sintetizarem, num trabalho colaborativo "a distância" e usando os recursos da Web 2.0,  as discussões, realizadas por todos os participantes da disciplina como parte das atividades propostas, em torno de 5 grandes temas. Os resultados ficaram acima do esperado. Confira-os no blog da disciplina ou clicando diretamente sobre cada um dos posts abaixo:

1. Experiências Extremas
      Carlos Catalani, Luzia Cicco, Mariana Rossetto, Soani Vargas e Wilmara Messa

2. Presença, Interatividade e Distância
      Ronaldo Souza, Fernanda de Paula, Michelle Carvalho, Rodolfo Martini e Márcia Correia

      Cynthia Amaral, Elizabete Briani, Glauco Stein e Zilma Carvalho

     Ana Montrezol, Flávio Camargo, Márcia Holland e Marcelo Nogueira

      Danielle Mingatos e Leandro Moreira

Acompanhe ainda as produções "autorizadas" dos participantes da disciplina, que compartilho com a Profa Itana Stiubiener na Escola Politécnica da USP, "PCS 5757 - Tecnologias para Educação Virtual Interaiva", no blog da disciplina, o qual aponta para os blogs dos alunos.  Veja também um post que coloquei sobre a produçãos dos participantes de PCS 5757.

Aprenda, divirta-se e "prossumize" (desculpe, não resisti..;-) colocando seus comentários nos posts acima ou criando seus próprios posts (sem esquecer, claro, de colocar em seus comentários os links para os mesmos). 

Abraços e até o próximo post

Comentários

  1. Queridos (as),

    Neologismos à parte, sem dúvida os tempos são auspiciosos. Os trabalhos colaborativos e cooperativos são uma grande oportunidade de aprendizado, do exercício de importantes competências "solo-sinérgicas" (sim, mestre Tori, os "Vingadores" na mansão de propriedade de Tony Stark adquiriam tais competências também - mas isto é outra estória), de troca de experiências. Coordenar um trabalho destes em grupo, no papel de líder, é um exercício de "project management": restrições espaciais, de tempo, fechamento e entendimento de escopo, definição de um processo de trabalho. Ao final, o resultado tem que ser comemorado: satisfação pessoal (ao melhor estilo da sexta hipótese de Knowles sobre andragogia).

    Deixo aqui meu obrigado pela oportunidade de ter trabalhado com colegas tão maravilhosos, em uma disciplina tão vibrante e sob supervisão de um professor tão atencioso e comprometido.

    Beijos,

    Ronaldo Souza

    ResponderExcluir
  2. Como eu tive a oportunidade de participar de suas aulas sinto de alguma forma um "autoriz" também.
    Falando em nomes feios, outro é mais feio ainda, o "produser" (Nunca tentei traduzir, mas ficaria algo como "produsuário", parecido com protozoário, rs). Axel Bruns um pesquisador australiano, parte da idéia de "prosumer" de Tofler, para definir o que ele chama de "produser" como um indivíduo que atua num contexto, em que o processo produtivo não gera mais convencionalmente "produtos". O produto, para ele, seria uma entidade fixa, definida e final e embalada e distribuída para os seus usuários. No caso da "produsage" o modelo de "produção" se caracteriza por um processo perpétuo de adoção de melhorias, uma construção contínua de desenvolvimentos e aperfeiçoamentos constantes, definidos pelos próprios usuários que passam a agir como usuários-produtores (produsers). Os resultados não são produtos acabados, mas artefatos em desenvolvimento. Como acontece Wikipedia ou Second Life e Blogs.

    Pensando em neste processo de construção contínua, quando eu termino de escrever um artigo, na verdade eu não termino, continuamente modifico e altero, mesmo quando sou obrigado a terminar e envio para congressos ou revistas, sempre existe algo que não agrada.
    Um tipo de "work in progress" no qual gradualmente aperfeiçoamos o que já existe funcionaria como interessante alternativa a uma exigência do ineditismo e versões finais.

    Mas nesta altura, estou divagando demais, extrapolando e sem direção, melhor parar, rs.

    Parabéns pelos resultados do trabalho colaborativo, e pelo texto inteligente, temperado com um excelente bom humor.

    abraço

    Francisco

    ResponderExcluir
  3. Olá! Achei interessante o autoriz e vim conhecer!
    Parabéns mais uma sementinha estelar nessa vida hibrida! Eu vivo catando essas luzes que estão escondidas em ramos diversos! Eu tb já fui protagonista de inventar nomes - falei uma certa feita que iria inventar um dicionário e saiu um 'ventionário' ou seja, um dicionário inventado por mim...Risos... E proferi muitas palavras inventadas como 'sabota' mistura de sapato com bota, 'mosquibondo' mistura de mosca com marimbondo e por aí em diante foram várias que agora não lembro; e nós recebemos do éter a vibração ou intuição e captamos aceleradamente e sai essa mistura de palavras... Outros tantos tb recebem por isso existiu aquela pessoa lá fora que teve a mesma idéia sua...
    Achei nuito bom o seu trabalho. Voltarei aqui mais vezes e seguirei esse blog! Um abraço! Mel

    ResponderExcluir
  4. Bem-vinda Mel!
    Plantar palavras é contribuir para que a língua continue viva. Ok, nem todas as sementes brotam. Mas se não semearmos certamente não nascerão novas flores.
    Bjs
    Romero.

    ResponderExcluir
  5. Olá Mestre Tori e PessoALL!

    Adorei seu projeto! Super Parabéns!

    Fiz algo para vcs mas não aceita aqui, um wordle...
    Está lá mas tbm não aceita a URL?!

    ver "Parabéns Mestre Tori e PessoALL!"

    []s

    ResponderExcluir
  6. Nova tentativa....
    http://www.wordle.net/show/wrdl/2914208/Projeto_Colaborativo_in
    []s

    ResponderExcluir

Postar um comentário