ESUD 2010: TICs na EAD


Hoje, 5 de novembro de 2010, tive o privilégio de coordenar o Grupo de Trabalho "Tecnologias da Informação e Comunicação" como parte das atividades do VII ESUD 2010 (Congresso Brasileiro de Ensino Superior a Distância), evento anual promovido pela Unirede, realizado este ano em Cuiabá, sob a coordenação da UFMT.  A Professora Miriam Toshiko Sewo da UFMT foi a relatora do grupo.

Se você participou da reunião (ou não participou mas deseja contribuir com esta discussão) coloque aqui seus comentários. E acompanhe este post para ver o relato oficial (e as fotos) bem como contribuições dos participantes do grupo de trabalho e dos leitores do blog. A seguir o relato do GT.


Nossos agradecimentos ao Prof Abner Faria pelas fotos que ilustram este post.


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ESUD 2010
Grupo de Discussão
Tecnologias da Informação e da Comunicação
Coordenação:  Romero Tori
Relatora:          Miriam Toshiko Sawo

APRESENTAÇÃO
Romero Tori
As tecnologias da informação e da comunicação (TIC) já fazem do cotidiano das pessoas que nasceram e cresceram em um mundo cada vez mais digitalizado, em rede e interativo. A esses nativos digitais se une um crescente contingente de pessoas que desejou - e soube - se adaptar à evolução tecnológica e desta se apropriar. Há ainda muitos excluídos digitais, é verdade. Mas espera-se que políticas públicas adequadas e ações da própria sociedade venham a reduzir substancialmente esse problema em futuro próximo. O fato é que vivemos e viveremos em uma sociedade conectada tecnológica e digitalmente, interagindo em ambientes reais e/ou virtuais quase que sem diferenciá-los e utilizando aparatos tecnológicos como se fossem extensões do corpo e da mente. A discussão, portanto, não deve ser sobre os benefícios que as TIC possam trazer à educação, muito menos sobre a conveniência ou não de se adotá-las.  A realidade escolar não pode ser diferente da realidade cultural de seus alunos. Os nativos digitais dão como certo o uso de tecnologia e as escolas e os professores imigrantes digitais certamente precisarão se adaptar a essa realidade.

Ao contrário da lentidão na adoção de novas tecnologias, verificada em grande parte das instituições voltadas ao ensino presencial, a educação a distância vem conseguindo aproveitar com muita agilidade e sucesso as TIC, até por uma questão de sobrevivência. Nesse novo cenário, ao contrário do verificado na infância da educação a distância, durante a qual era comum a tentativa de se imitar no virtual o modelo presencial, um novo paradigma se prenuncia: é chegado o momento de a educação presencial começar a imitar as boas práticas da educação online. À medida que aumentar a convergência entre educação presencial e virtual mais fortemente serão demandadas soluções tecnológicas, não apenas na mediação pedagógica como também na gestão educacional.
 
Esse grupo de discussão deverá trabalhar a questão das TIC na educação, a partir de um viés amplo, englobando desafios para a expansão de seu uso, formas de avaliação, melhoria da qualidade, gestão educacional, mediação tecnológica e inclusão digital, entre outros temas que poderão ser sugeridos pelos participantes. Não há a pretensão de se chegar a respostas, mas se conseguirmos sair da discussão com um número maior de perguntas do que tínhamos ao nela ingressar já será uma pequena, mas relevante, contribuição para a evolução da educação.

RELATO DA DISCUSSÃO PRESENCIAL

Miriam Toshiko Sawo

Romero conduziu a discussão do grupo lançando um conjunto inicial de questões para o debate, o qual foi revisado e ampliado pelos presentes, resultando na pauta de discussões a seguir:


1. Blended learning (Integração entre educação a distância e presencial)
2. A tecnologia influi na aprendizagem?
3. O computador pode substituir o professor?
    Papéis do professor e questões trabalhistas, capacitação, tutoria x conteudismo etc.
4. Pesquisa e inovação tecnológica e pedagógica
5. Mediação e Comunicação
6. Capacitação do professor
7. Profissionalização da equipe multidisciplinar
8. Gestão
9. Qualidade
10. Como as TICs podem ajudar na avaliação?


Q1. Blended learning
- Existe educação 100% presencial?
- Educação 100% a distância é a melhor solução?
- A escola reflete a realidade tecnológica atual?
- O ensino presencial pode aprender com a EaD?

Não é possível afirmar que exista uma educação 100% presencial, sendo que mesmo a chamada "educação presencial" possui momentos a distância, em que o estudante não está necessariamente perto fisicamente do professor nem de seus colegas de turma para desenvolvendo alguma atividade (como trabalhos e tarefas domiciliares por exemplo).

Se antes a EaD se valia das boas práticas do presencial, atualmente é possível perceber o presencial também aproveitando as boas práticas da EaD. Estudos têm mostrado que a união das boas práticas de ambas pode dar melhores resultados.

A escola não tem acompanhado a evolução das tecnologias no mesmo passo que a sociedade. Esse distanciamento da realidade do estudante torna a vivência educacional pouco significativa e, portanto, menos interessanto e motivadora.
Hoje as escolas lutam para manter laboratórios de informática quando já poderia ter computadores nas salas sem precisar adquirí-los. O crescente barateamento dos computaodres portáteis está cada vez mais facilitando sua aquisição pelos próprios estudantes que necessitariam apenas de uma uma sala de aula com infraestrutura adequada para o uso por todos(acesso wireless, pontos d eenergia e mobiliário adequado). Essas mudanças perpassam pela questão da institucionalização das TICs na escola.

Por outro lado,não se pode esquecer que ainda temos realidades muito precárias que ainda não têm garantido o básico para a viabilidade das TICs na educação, seja por falta de banda larga ou até mesmo energia elétrica. Nessas realidades ainda se vê um descompasso entre as inovações tecnológicas na educação e o acesso à rede. Esta realidade é vivenciada, inclusive, por alguns pólos da UAB. A questão a se considerar é: Como fazer uma tecnologia que não extrapole as necessidade reais? Ainda, há que se considerar que nem todo estudante é TEC, ou seja, nem todo estudante tem facilidade para trabalhar com a tecnologia.

O grupo reforçou a necessidade de trabalhar com as TICs sem perder de vista a realidade e do perfil do público alvo.

Q3. O computador pode substituir o professor?
A figura do professor sempre estará presente, pois não é possível a objetivação das TICs se não for através da ação pedagógica do professor. Portanto, para além desta questão, é pertinente pensar sobre como a tecnologia pode melhorar a atividade e a produtividade do professor. Exemplos de aprendizados através de simulação na área da medicina e das escolas de pilotos já são realidades. Contudo, essa  discussão não pode deixar de lado a problemática do excesso de atividade que vem sendo atribuído aos professores EaD.

Q5. Mediação e Comunicação 
Que a mediação e comunicação são bastante favorecidas pelas TICs pareceu ser consenso. A discussão ficou em torno das possibilidades proporcionadas pelas TICs, tais como o e-mail, sites, redes sociais, ambiente virtual etc.

A mediação através de troca de e-mail com os estudantes foi colocada em questão por ser uma prática bastante particularizada, sendo que o ideal seria que a comunicação fosse mais interativa, num processo onde o professor não é o centro e os estudantes podem aprender entre si.

O uso do site para disponibilizar informações e materiais também foi destacado como uma estratégia que contribui com a mediação e comunicação.

Os ambientes virtuais não estão acompanhando as inovações tecnológicas, talvez por se preocuparem em copiar o padrão da educação presencial. As pessoas estão se comunicando através do twitter, do facebbok e outras redes, e o ambiente virtual permanece estático e fechado .

Q7. Profissionalização da equipe multidisciplinar
Destacou-se a necessidade de se compor uma equipe multidisciplinar com sujeitos de conhecimentos diferenciados, pois não é possível que o professor dê conta de todas as atividades que envolvem o fazer pedagógico no modelo EaD. Nesta equipe é desejável ter uma pessoa de informática que componha a equipe.

Q8. Gestão
Observou-se que a gestão em EaD não pode ser mais uma gestão no modelo tradicional. Com as TICs o trabalho do professor extrapola os horários convencionais. A gestão mais adequada seria por atividades e não por horário.

Nota: Não houve tempo de se discutir as questões 2,4, 6, 9 e 10.




CONTRIBUIÇÕES

Um dos presentes levanta a questão: Como fazer EAD  "Sem Distância"?
É primordial que se faça encaminhamentos políticos para se minimizar os entraves na infraestrutura que possibilita o uso das TICs. Contudo, só a tecnologia não adianta, é fundamental dar ênfase na aproximação transacional do estudante com professor, conteúdo e demais estudantes). São dois movimentos indispensáveis neste processo. A interatividade, a criação de um sentimento de pertencimento a um grupo, o trabalho colaborativo, entre outros, são formas de se reduzir distâncias (e isso não depende da tecnologia). 




Domicio Maciel da UFMA, participante do GT: "Gostaria que fosse registrado que a experiência com a formação continuada de professores (Programa Mídias na Educação / MEC / IES / SEDUC / UNDIME) me faz afirmar que as parcerias governamentais nem sempre são levadas a termo quando encontramos professores com formação deficiente/inexistente indicados pelas secretarias de educação, em particular as municipais (às vezes no município a internet nem funciona adequadamente, forçando o professor-aluno a fazer suas atividades em lanhouses ou em outro município). Cabe destacar que ainda há escolas em que o laboratório não existe ou as máquinas não funcionam. A despeito da formação tecnológica prévia para o curso, fazemos momentos presenciais de familiarização com a máquina/ambiente virtual de 1 a 3 dias e consideramos obrigatória a presença, sob pena de não continuar no curso."


Comentários

  1. Agradeço ao Prof. Romero pela postagem de minha contribuição que deixei por escrito, considerando tempo limitado para a contribuição oral, no tempo do GT. Minha contribuição partiu da questão da formação dos usuários/beneficiários da EaD, particularmente aquele que são contemplados com programas governamentais de formação continuada/especialização, como o Programa Mídias na Educação que forma o professor para o uso e gestão das diversas mídias em sala de aula e o Escola de Gestores que especializa em Gestão Escolar os Diretores/Supervisores de Escola Públicas. As resistências à formação a distância ainda existem, particularmente nas universidades públicas que estão aderindo à UAB e/ou outros programas de formação continuada como o Mídias na Educação. Acredito que os setores que atuam nessa modalidades (como os NEaDs) e o de Recursos Humanos das IES devem estimular os docentes do ensino presencial ao uso das TICs em sua prática docente, oferecendo cursos de formação em informatica educacional, para que aumente o quadro de interessados em atuar em EaD.

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  2. Felipe Neves de Almeida11 de novembro de 2010 às 10:40

    Olá professor, participei dessa edição do WRVA, foi um prazer assistir à sua apresentação, comentei com o senhor rapidamente a respeito de meu interesse sobre Flow, qualquer comentario a respeito do assunto ou sugestões de autores que abordam o tema me seriam de imensa ajuda. Se puder entrar em contado meu e-mail é fel_na@hotmail.com

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