Não posso afirmar que não tenha preconceitos. Se o fizesse poderia ter esse sofisma desmascarado por algum de meus alunos que prestaram atenção a minhas aulas de lógica. Não ter idéias pré-concebidas sobre nada teria como condição necessária que se conhecesse tudo, daí a contradição que comprovaria o sofisma. Ok, a semântica da afirmação "não tenho preconceitos", desde que não levada ao "pé da lógica", pode ser interpretada como "não tenho o hábito de utilizar minhas idéias pré concebidas para tomar decisões, emitir opiniões e, principalmente, julgar". Mas era esse mesmo o sentido que empreguei em minha primeira frase. Hei, espere. Por favor continue lendo em vez de parar para colocar um comentário criticando minha falta de ética. O Prof Romero, assim como, espero, deve ser a totalidade de meus colegas professores, é ético e não deixa que seus eventuais preconceitos influenciem suas decisões e julgamentos quando esses envolvem qualquer impacto sobre seres vivos, instituições, meio-ambiente etc. Mas todos nós temos aqueles preconceitos, digamos assim, "benignos". Eu, por exemplo, não gosto de filmes do gênero "comédia romântica". E continuo não gostando, apesar de ter tido o azar de precisar admitir que os filmes desse gênero que minha esposa e filha me "obrigaram" a assistir até me agradaram. Mas certamente porque elas se esforçam em escolher filmes muito bons, só para ver se eu mudo de opinião ;-). Por isso sempre que elas vão à locadora peço que tragam um "filme daquele tipo de que eu não gosto" ;-)).
Agora que você já deve ter se lembrado de alguns dos "preconceitos benignos" que carrega vou entrar no assunto que motivou-me a fazer esse longo preâmbulo. Será que nós professores podemos nos dar o direito de ter "preconceitos benignos"? Quando nossos filhos e alunos se recusam a experimentar algo, alegando não gostar daquilo, os chamamos à atenção: "como alguém pode dizer que não gosta de algo que nunca experimentou?". Bem, talvez aqui também não possamos radicalizar. Alguns "preconceitos benignos" devem ser resultantes de nossa evolução. Não sei porque não gosto de comida que cheira mal, mas não vou experimentar para saber... ;-)). O problema é que muitas das convicções que desenvolvemos sobre novidades tecnológicas ou de comportamento são construídas sobre contextos ou paradigmas antigos. Ou pior, sobre "ouvir dizer". Nós professores precisamos estar constantemente nos atualizando, o que implica também a atualização dos paradigmas e contextos com os quais trabalhamos. Então, que tal seguirmos o conselho que damos a nossos filhos e alunos e pelo menos experimentarmos as novidades antes de criticá-las? Façamos um teste rápido. Das seguintes novidades, algumas nem tão novas assim, quantas você já teve a curiosidade de experimentar (e esses são apenas alguns dos principais serviços hoje disponíveis)? Videogames, Orkut, Facebook, Linkedin, Ning, Delicious, Youtube, Blogger, Google Earth, Google Maps, Google Docs, Google Livros, Google Acadêmico, Bing, Bing Maps, Microsoft Virtual Earth 3D, Flickr, Picasa, Second Life, Twinity, Twitter, Buzz, Wikipedia. Bem, Wikipedia, Google Maps e Youtube quase todos já experimentaram. Mas você já tentou gerar conteúdos para esses ambientes? Difícil? Nada. Puro preconceito. Brevemente colocarei um post especificamente para discutir o potencial de aplicação didática dos serviços disponíveis na chamada Web 2.0. E o melhor é que é tudo de graça, ou quase!
Hoje vou encerrar falando de uma das "vítimas" atuais do preconceito de muitos educadores: o Second Life (SL). Um dos principais representantes dos ambientes virtuais 3D online, o SL é discriminado ao mesmo tempo por aqueles que não gostam de jogos digitais e pelos gamers, que afirmam que SL "não é jogo". Há aproximadamente dois anos houve uma euforia em torno do SL aqui no Brasil. Puro preconceito também, ainda que aparentemente fosse a favor do SL. Muitos empresários e "marqueteiros", sem que tivessem experimentado viver uma "segunda vida", acharam que tinham descoberto uma mina de ouro. Todos, ainda bem, já abandonaram seus negócios no SL. Esse "estouro da bolha" foi mais um fator a contribuir para o aumento do preconceito negativo contra o SL. Já perdi a conta de quantas vezes precisei responder a perguntas do tipo "Por que o SL não deu certo na educação?" ou "Com a decadência do SL, qual o próximo modismo?". Não, o SL não acabou. Há também milhares de iniciativas bem sucedidas de uso do SL na educação. Quando a onda do SL começou no Brasil eu já pesquisava há muito tempo a aplicação de ambientes virtuais 3D na educação. Já em 1994 eu publicava um artigo discutindo o potencial dos ambientes interativos 3D. Continuo pesquisando esses ambientes, incluindo o SL, até hoje. Pesquisadores não são famosos pela rapidez e agilidade, ao contrário de empresários e marqueteiros oportunistas. Pesquisa trabalha com conceitos, não com preconceitos ou modismos. Não tenho como prever se o SL perdurará. Mas pelo que já aprendi com minhas pesquisas tenho convicção de que os ambientes 3D online possuem um futuro garantido e muito potencial a ser explorado na educação. Convido-os a assistir a mesa redonda "O que aconteceu com os mundos virtuais?", que acontecerá no próximo E-learning Brasil e da qual participarei, juntamente com as professoras Neli Maria Mengalli e Renata Aquino. Enquanto isso sugiro a quem ainda não experimentou ter um avatar que o faça. Depois coloque aqui suas impressões e/ou leve-as para discutir conosco durante a mesa.
Ah sim, você ainda não se motivou a experimentar? Então leia os seguintes depoimentos de alunos meus, um da disciplina "Usos das novas tecnologias em cursos online" do curso de pós-graduação lato-sensu "Design Instrucional" do Senac-SP e outro da disciplina de pós-graduação PCS 5757 da Escola Politécnica da USP. Essas declarações foram emitidas espontaneamente e são exemplos significativos do que a maioria dos educadores sente ao vivenciar pela primeira vez a experiência de um encontro com colegas nesse instigante ambiente. Ambas as reuniões foram conduzidas pela Andrea Correa Silva, que desenvolve pesquisa sobre o uso do SL na educação no Centro Universitário Senac e no Interlab da USP.
Depoimento 1: "Foi muito divertido!!! Aprendi muito!"
Depoimento 2: "...gostaria de agradecer a oportunidade de conhecer e explorar o SL com a ajuda de voces. Eu tinha uma visão totalmente diferente do que era possivel se realizar dentro do SL e fiquei muito surpreso com a riqueza de interatividade oferecida, pretendo até me aprofundar nos próximos dias conhecendo melhor os aspectos que vocês citaram..."
Para finalizar, seguem algumas referências para quem quiser se aprofundar no assunto "Second Life na educação".
Carlos Valente, Joao Augusto Mattar Neto; Second Life e Web 2.0 na Educaçao; Novatec Editora; 280p.
Sloodle Project (União dos ambiente Second Life e Moodle)
Não-ficção científica: Bailenson e os avatares na vida real (entrevista para o Jornal "O Estado de São Paulo")
A J Kelton: Director of Emerging Instructional Technology for the College of Humanities and Social Sciences at Montclair State University in New Jersey; possui importantes publicações sobre SL na Educação
Recomendo também o blog "Mundo Linden" para dicas e informações atualizadas sobre Second Life.
Agora que você já deve ter se lembrado de alguns dos "preconceitos benignos" que carrega vou entrar no assunto que motivou-me a fazer esse longo preâmbulo. Será que nós professores podemos nos dar o direito de ter "preconceitos benignos"? Quando nossos filhos e alunos se recusam a experimentar algo, alegando não gostar daquilo, os chamamos à atenção: "como alguém pode dizer que não gosta de algo que nunca experimentou?". Bem, talvez aqui também não possamos radicalizar. Alguns "preconceitos benignos" devem ser resultantes de nossa evolução. Não sei porque não gosto de comida que cheira mal, mas não vou experimentar para saber... ;-)). O problema é que muitas das convicções que desenvolvemos sobre novidades tecnológicas ou de comportamento são construídas sobre contextos ou paradigmas antigos. Ou pior, sobre "ouvir dizer". Nós professores precisamos estar constantemente nos atualizando, o que implica também a atualização dos paradigmas e contextos com os quais trabalhamos. Então, que tal seguirmos o conselho que damos a nossos filhos e alunos e pelo menos experimentarmos as novidades antes de criticá-las? Façamos um teste rápido. Das seguintes novidades, algumas nem tão novas assim, quantas você já teve a curiosidade de experimentar (e esses são apenas alguns dos principais serviços hoje disponíveis)? Videogames, Orkut, Facebook, Linkedin, Ning, Delicious, Youtube, Blogger, Google Earth, Google Maps, Google Docs, Google Livros, Google Acadêmico, Bing, Bing Maps, Microsoft Virtual Earth 3D, Flickr, Picasa, Second Life, Twinity, Twitter, Buzz, Wikipedia. Bem, Wikipedia, Google Maps e Youtube quase todos já experimentaram. Mas você já tentou gerar conteúdos para esses ambientes? Difícil? Nada. Puro preconceito. Brevemente colocarei um post especificamente para discutir o potencial de aplicação didática dos serviços disponíveis na chamada Web 2.0. E o melhor é que é tudo de graça, ou quase!
Hoje vou encerrar falando de uma das "vítimas" atuais do preconceito de muitos educadores: o Second Life (SL). Um dos principais representantes dos ambientes virtuais 3D online, o SL é discriminado ao mesmo tempo por aqueles que não gostam de jogos digitais e pelos gamers, que afirmam que SL "não é jogo". Há aproximadamente dois anos houve uma euforia em torno do SL aqui no Brasil. Puro preconceito também, ainda que aparentemente fosse a favor do SL. Muitos empresários e "marqueteiros", sem que tivessem experimentado viver uma "segunda vida", acharam que tinham descoberto uma mina de ouro. Todos, ainda bem, já abandonaram seus negócios no SL. Esse "estouro da bolha" foi mais um fator a contribuir para o aumento do preconceito negativo contra o SL. Já perdi a conta de quantas vezes precisei responder a perguntas do tipo "Por que o SL não deu certo na educação?" ou "Com a decadência do SL, qual o próximo modismo?". Não, o SL não acabou. Há também milhares de iniciativas bem sucedidas de uso do SL na educação. Quando a onda do SL começou no Brasil eu já pesquisava há muito tempo a aplicação de ambientes virtuais 3D na educação. Já em 1994 eu publicava um artigo discutindo o potencial dos ambientes interativos 3D. Continuo pesquisando esses ambientes, incluindo o SL, até hoje. Pesquisadores não são famosos pela rapidez e agilidade, ao contrário de empresários e marqueteiros oportunistas. Pesquisa trabalha com conceitos, não com preconceitos ou modismos. Não tenho como prever se o SL perdurará. Mas pelo que já aprendi com minhas pesquisas tenho convicção de que os ambientes 3D online possuem um futuro garantido e muito potencial a ser explorado na educação. Convido-os a assistir a mesa redonda "O que aconteceu com os mundos virtuais?", que acontecerá no próximo E-learning Brasil e da qual participarei, juntamente com as professoras Neli Maria Mengalli e Renata Aquino. Enquanto isso sugiro a quem ainda não experimentou ter um avatar que o faça. Depois coloque aqui suas impressões e/ou leve-as para discutir conosco durante a mesa.
Ah sim, você ainda não se motivou a experimentar? Então leia os seguintes depoimentos de alunos meus, um da disciplina "Usos das novas tecnologias em cursos online" do curso de pós-graduação lato-sensu "Design Instrucional" do Senac-SP e outro da disciplina de pós-graduação PCS 5757 da Escola Politécnica da USP. Essas declarações foram emitidas espontaneamente e são exemplos significativos do que a maioria dos educadores sente ao vivenciar pela primeira vez a experiência de um encontro com colegas nesse instigante ambiente. Ambas as reuniões foram conduzidas pela Andrea Correa Silva, que desenvolve pesquisa sobre o uso do SL na educação no Centro Universitário Senac e no Interlab da USP.
Depoimento 1: "Foi muito divertido!!! Aprendi muito!"
Depoimento 2: "...gostaria de agradecer a oportunidade de conhecer e explorar o SL com a ajuda de voces. Eu tinha uma visão totalmente diferente do que era possivel se realizar dentro do SL e fiquei muito surpreso com a riqueza de interatividade oferecida, pretendo até me aprofundar nos próximos dias conhecendo melhor os aspectos que vocês citaram..."
Para finalizar, seguem algumas referências para quem quiser se aprofundar no assunto "Second Life na educação".
Carlos Valente, Joao Augusto Mattar Neto; Second Life e Web 2.0 na Educaçao; Novatec Editora; 280p.
Sloodle Project (União dos ambiente Second Life e Moodle)
Não-ficção científica: Bailenson e os avatares na vida real (entrevista para o Jornal "O Estado de São Paulo")
A J Kelton: Director of Emerging Instructional Technology for the College of Humanities and Social Sciences at Montclair State University in New Jersey; possui importantes publicações sobre SL na Educação
Recomendo também o blog "Mundo Linden" para dicas e informações atualizadas sobre Second Life.
Professor Romero,
ResponderExcluirsou o editor do Blog MundoLinden.Net, o maior em língua portuguesa.
Gostaria de sua permissão para que eu publique sua postagem em meu blog. ok?
Se puder me notificar no email agradeço: jeanliberato (a) gmail . com
Abração!
Muito bom esse ataque aos preconceitos, professor Romero. Quanto ao SL, preciso experimentar mais. O que vi, não gostei, principalmente da estética hollywoodiana (será besteira isso?) mas ainda não posso ter uma opinião firme. Por que não mais uma aula no SL?
ResponderExcluirQuanto à ética, olha que ótima essa do Nietzsche: “Meu ensinamento diz: viver de tal modo que tenhas de desejar viver outra vez, é a tarefa – pois assim será em todo caso! Quem encontra no esforço o mais alto sentimento, que se esforce; quem encontra no repouso o mais alto sentimento, que repouse; quem encontra em subordinar-se, seguir, obedecer, o mais alto sentimento, que obedeça. Mas que tome consciência do que é que lhe dá o mais alto sentimento, e não receie nenhum meio! Isso vale a eternidade!”
Lá venho eu com filosofia, outra vez! Bem, quis dizer com isso que ética é fazer aquilo que é bom pra você (a gente sempre é também o outro). Já a moral, é fazer o que os outros querem em nome do bem.
Pensando o bom, eu queria mesmo é fazer uma Universidade Zaratustra em 3D. Você me ajudaria?
Mestre Tori,
ResponderExcluirSempre tive minhas resistências em relação ao SL, mais por ficar desiludido com a tecnologia faz uns anos. Felizmente, algo muito mais simples, melhor que ser neoludita ou tecnófobo.
Nunca achei que fosse ter as condições apropriadas de HW e SW, paciência, motivo, oportunidade para um acesso. Enfim, resistências.
Explorando o ambiente na disciplina do Senac, pude comprovar o potencial que ele tem. Fiquei extasiado. Obrigado pela experiência!
Que venham as experimentações, sempre!
Beijos,
Ronaldo Souza
Acho o SL esquálido. Puro preconceito.
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