TCC: A Interface entre o Aprendiz e o Profissional

Para quem não sabe: TCC significa "Trabalho de Conclusão de Curso". Na Escola Politécnica da USP é o tão esperado (e algumas vezes temido) "Projeto de Formatura".  Prática cada vez mais comum em cursos de graduação, os projetos realizados por alunos em seus últimos anos de curso são muito importantes para a consolidação dos conhecimentos e habilidades adquiridos ao longo da graduação e verdadeiros marcos nas vidas dos estudantes. O TCC é um ritual de passagem, a interface que transporta o aprendiz para o mundo da autonomia profissional. É uma pena que ainda haja alguns alunos que não percebem a importância dessa atividade e a tratam como "mais uma obrigação a ser cumprida para ter direito ao diploma". Esses vão demorar um pouco mais para atingir a maturidade profissional e sofrerão descobrindo que não têm mais os "amiguinhos" para escorá-los nem notas para passar, mas sim resultados para obter. Felizmente são minoria. Os bons estudantes (e futuros bons profissionais) valorizam e se envolvem de corpo e alma nessa atividade com a qual desejam "abrir com chave de ouro" seus portfólios profissionais.

Todo final de semestre é uma correria, com muitas bancas de TCC para participar e alunos para orientar. Mas a satisfação de acompanhar ao vivo e em tempo-real a rica produção desse jovens, e sentir a energia e paixão que emanam, compensa todo o cansaço de quem já não tem tanta energia mas continua com a mesma paixão pela profissão e pela educação.

Esta semana encerrei meu mutirão de bancas. Foi muito gratificante.  Por isso decidi compartilhar com você leitor um pouco desses momentos mágicos. Selecionei dois trabalhos que se destacaram entre aqueles que tive oportunidade de avaliar.

O primeiro, REFR.ACTION, é um exemplo de profissionalismo, criatividade e dedicação. Desenvolvido por Luciano de Castro Ferrarezi e Fellipe Matheus Vergani Rodrigues, alunos do Curso de Bacharelado em Design - Habilitação Interface Digital, do Centro Universitário Senac, sob a competente orientação do Prof Dr Fernando Fiogliano, esse projeto cria uma nova forma de interação corporal com sons, espaço e imagens. REFR.ACTION é uma instalação artística em que o público interage com uma interface de raios laser. Conforme os raios são interrompidos sons e imagens são gerados. Numa instigante inversão a dança da pessoa é que gera a música.

Os professores Fernando Foglieano, orientador, e Isa Seppi, com quem tive o privilégio de compartilhar a banca de avaliação, experimentam as sensações de criar música a partir da dança, interagindo com os raios de luz do projeto REFR.ACTION.


Para a apresentação do trabalho perante a banca os autores do projeto REFR.ACTION ocuparam durante três dias um dos estúdios de televisão do Centro Universitário Senac. Todos os detalhes foram cuidados com rigor profissional. Uma estrutura metálica contendo os canhões de raio laser foi instalada no teto do estúdio. Não havia fios a mostra, pois os autores tiveram o capricho de montar uma rede wireless para transmissão dos sinais e comunicação entre os computadores que controlavam as projeções pelas paredes do estúdio. Tudo funcionou impecavelmente. O hardware e software que foram implementados pareciam ser obra de engenheiros de computação. Parabéns ao Fellipe, ao Luciano, e, claro, ao Prof Fernando Fogliano, que certamente teve participação fundamental para o sucesso desse trabalho.

O segundo trabalho que vou comentar foi desenvolvido pelos meus orientandos, Renata Moreira de Campos Machado, Ricardo Iamamoto e Thommy Nozaki, também alunos do Curso de Bacharelado em Design - Habilitação Interface Digital, do Centro Universitário Senac. Trata-se do UXperien: Kubik Project, projeto conceitual de um ambiente imersivo e interativo que proporciona novas experiências aos usuários de bibliotecas para a realização de pesquisas.


No ambiente Kubik Project o usuário pode interagir com as paredes e com a mesa, por meio de interface multitoque, trazendo videos, imagens, textos e combinando-os de acordo com seu foco de pesquisa. Para selecionar os assuntos da pesquisa foi desenvolvida uma interface, baseada no conceito de mapas conceituais, em que os nós são cubos tridimensionais distribuídos numa "galáxia" informacional. Cada cubo aborda um assunto por meio de 6 mídias diferentes, uma em cada face.  Os conteúdos podem ser executados, conectados e arrastados livremete entre paredes,  mesa e notebook.


Os autores fizeram uma cuidadosa pesquisa dos perfis que compõem o público-alvo, das tecnologias interativas e do estado da arte em design de experiências para os frequentadores de bibliotecas. O capricho e envolvimento do grupo podem ser verificados em detalhes como a caixa na qual vieram acondicionados o DVD do projeto, o texto contendo a revisão bibliográdica e todos os detalhes do projeto, e um conjunto de cartões com perguntas instigantes que convidam à reflexão e interação. Agradeço ao grupo pelo privilégio de ter sido seu orientador.


Veja mais fotos desses projetos de TCC do Bacharelado em Design - Habilitação Interface Digital, do Centro Universitário Senac.

Comentários

  1. Prof. Tori,

    Sou doutoranda (acabei de ingressar!) na FFLCH em Est. Linguísticos e Literários em Inglês com a Profa. Anna Maria c Carmagnani e tenho seguido seu blog nos últimos tempos. Meu foco de trabalho será o ensino de Inglês a distância (ou sem ela, como preferir).

    Já li Educação Sem Distância e creio que alguns de seus conceitos serãomuito importantes para o meu trabalho (que na verdade irá juntar Análise do Discurso e Multiletramentos).

    Será que uma aluna de Letras consegue seguir seu curso?rsrsrs... Por acaso ele será oferecido neste segundo semestre?

    []s,
    Christiane E. B. de Araújo

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Olá Chris.

    Obrigado por acompanhar meu blog.

    Certamente você conseguirá "seguir" a minha disciplina de pós-graduação, que será reoferecida no início de 2011.
    O seu desafio será, na verdade, fazer com que eu e os demais colegas consigamos seguir você !! ;-))

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  4. Oi Romero,

    Obrigado por compartilhar essa experiência. Fiquei admirado com os projetos, e confesso que, antes de vê-los, subestimava a existência de tais projetos aqui no Brasil. Gostaria de poder ter acesso aos TCC, será que isso é possível?
    Outra coisa que me surpreendeu foi saber que existe um curso nesta área e que estamos caminhando neste sentido, você pode ter certeza que é privilegiado por estar envolvido diretamente com isso, parabéns! ;)

    Abraços!
    Caio Cesar Moreira

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  5. Prezado Caio.

    Os trabalhos de TCC ficarão a disposicao na Biblioteca do Centro Universitario (http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?newsID=a373.htm&testeira=386). Aliás, se você ainda não conhece essa biblioteca recomendo-lhe visitá-la na primeira oportunidade.

    Abs

    Romero

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  6. Olá Romero Tori estou felicíssima de poder contribuir (mesmo sendo com um grito de help) no seu blog. Estou realmente vivendo esse momento esplendido que é o TCC. Faço sozinha e faço um tema bem diferente dos demais alunos da sala. Minha orientadora e musa inspiradora é a Andrea Correa Silva (conhece?). Busquei durante todos os anos um tema que me deixasse nas nuvens e somente no meu primeiro dia com ela eu obtive esse resultado, encontrei em sua paixão por jogos a minha maravilhosa luz que procurava, hoje meu tema como o papel do bibliotecário dentro do ambiente Second Life está cada vez mais se encontrando, mas como a realidade brasileira é defasada, busco naqueles que buscam semelhantes assuntos, alguma experiência que possam compartilhar. Dentro desta busca encontrei em seu livro a lacuna que pretendo preencher com a minha paixão pelos novos ambiente de trabalho que não sejam as tradicionais bibliotecas (não menos importantes), lacuna essa que estão nos cursos EaD nas midiatecas com somente artigos e produções dos próprios professores. Quero poder com essa pesquisa dizer que o SL é utilizado como meio de interação nos cursos EaD e que o bibliotecário é preciso para que as midiatecas estejam preparados para ajudar os alunos. falei muito né, eu sou assim mesmo, sorry. Aguardo o seu retorno. (stephanie.biblio@gmail.com)

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