Se a Escola não mudar as gerações interativas a mudarão ...




Estou repetindo o video acima, já publicado em meu post intitulado "Tablets nas escolas ? ", por ser também uma ótima ilustração das gerações Y e Z, as gerações interativas (veja mais sobre gerações aqui). A "geração televisiva", da qual fiz parte como representante da geração X (digo "fiz" porque há muito tempo já tratei de migrar para a cultura das gerações mais novas), se caracteriza pela postura inclinada para trás, receptiva. As gerações interativas são inclinadas para a frente, prontas a interagir. Imagine agora esses jovens numa aula expositiva típica. Será que conseguirão se manter atentos e interessados, ouvindo passivamente o professor? O modelo "expositivo" e "coletivo" das aulas expositivas tradicionais vem sendo criticado há muito tempo por educadores e, principalmente, por alunos, cada vez menos motivados. Mesmo assim ainda persiste em muitas escolas como a principal forma de "entrega de conteúdo" (sim, sei que essa expressão incomoda, mas infelizmente é crença, ainda que não a admitam, de muitas escolas que persistem nesse modelo).  Por isso acredito em modelos que possibilitem a aprendizagem personalizada, respeitando ritmo e estilos de aprendizagem de cada aluno. O "flipped class-room" (sala de aula invertida) é um deles. Nesse modelo os alunos estudam, fora da sala de aula, os conteúdos em material multimídia interativo e/ou videos que substituem aulas expositivas. Na sala de aula, em vez de exposição de conteúdos, são realizadas tarefas que no modelo tradicional seriam preferencialmente realizadas em casa, como exercícios e trabalhos. Desse modo o professor pode esclarecer dúvidas, promover discussões e prestar atendimentos personalizados aos estudantes. Outra possibilidade é o chamado "blended learning", um modelo híbrido no qual se combinam atividades presenciais e a distância, aproveitando-se o melhor dos dois mundos.  Há muito tempo educadores como Piaget, Vygotsky, Ausubel e Paulo Freire, entre outros, já nos mostravam a necessidade de mudanças nas escolas. Se até agora foi possível, em boa parte das escolas, manter o "status quo", com a chegada das gerações interativas, acompanhadas de suas tecnologias, interatividade e impaciência, definitivamente as escolas não serão mais as mesmas. O video abaixo, ainda que tenha como foco a educação corporativa, faz uma narrativa bastante interessante sobre a "educação do futuro".



Esse futuro está mais próximo do que muitos imaginam. Há dez dias saiu uma publicação da Fundação Telefônica, em parceria com a  Escola do Futuro da USP e Ibope, chamada "Gerações Interativas Brasil: Crianças e Adolescentes Diante das Telas" (faça download do livro aqui e veja reportagem do Estadão). Esse livro nos mostra que nossos jovens já estão conectados (75% dos jovens entre 10 e 18 anos navegam na Internet e 74,7% possuem celular)  e utilizam todas as mídias digitais de forma convergente.  Baseado em outra pesqusia, focada em escolas americanas, este infográfico da OnlineDegrees.com  mostra que "82% dos alunos usam o smartphone para tarefas da escola".  Podem ter  certeza que os modelos de escola do século passado (alguns do século retrasado, diga-se) não sobreviverão à geração Z.



Comentários

  1. Não acho sensato desconsiderar-se as assimetrias regionais gritantes em nosso país continental.. Sou paulista e migrei para Mato Grosso há 7 anos e fico espantado com a simplicidade com que o tema Educação Nacional é tratado, assumindo-se tamanha homogeneidade de comportamento. Nem mesmo o pensamento global chegou a todas as regiões do Brasil, isso é fato. Uma coisa é discutirmos o estado da arte da educação mediada por tecnologias e considerarmos algumas comunidades típicas como nossa turma controle, mas outra coisa é discutir os rumos da Educação Nacional, e para isso é imprescindível considerar os 20 ou 30 anos de atraso de infraestrutura básica e ainda mais de suporte tecnológico (serviços de banda larga e conexões internet) que são observados quando cruzamos as fronteiras regionais sudeste-centrooeste, sudeste-nordeste, e ainda há que se considerar as "ilhas" da região norte.
    Defendo a importância da pesquisa e concordo com os pressupostos utilizados, mas não vejo nesse momento essa pesquisa como um caminho para a educação nacional.. talvez daqui ha 30 anos se continuarmos no mesmo ritmo de desenvolvimento dos últimos 10 anos, ou um pouco mais se esse ritmo diminuir.

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    1. Caro Cleber.
      Obrigado por seus comentários. Concordo que há diferenças e muitas deficiências em infra-estrutura em nosso país, infelizmente. Precisamos cobrar de nossos governantes rápidas soluções dsses gargalos (não creio que demore 20 ou 30 anos, espero que seja bem menor o tempo que precisaremos esperar para termos o mínimo de infra-estrutura de TIC em todo o território nacional). Mas não podemos pautar as pesquisas em novas tecnologias na educação visando um acomodamento a uma realidade que não pode e não deve perdurar. Seria como pesquisar educação sem livros e sem professores para atender comundiades que têm carência de bibliotecas e docentes em vez de lutarmos para a criação de bibliotecas e contratação de professores nessas áreas.

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  2. Realmente é uma lástima que você não vê essa pesquisa como caminho para uma educação nacional. Continuamos isolando os leprosos (vítimas de Hanseníase) ou tratamos o mal com o remédio que desenvolvemos ao longo dos anos?

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  3. Seu blog é bem interessante,já estou seguindo. Eu tb sou blogueira e utilizo blog nas minhas aulas de História. Dê uma olhadinha:
    http://profisabelaguiar.blogspot.com.br/

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    1. Obrigado Isabel! Gostei de seu blog. Já a estou seguindo! Abs Romero.

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  4. Oi, adorei seu blog e gostaria de te convidar para conhecer o meu Educando o Amanhã - http://educandooamanha.blogspot.com.br/. Vamos trocar banners e ideias ?

    Um abraço,

    Semíramis

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  5. Olá estou seguindo voce no blog, muito bom! Buscando relações que tragam mais sobre a educação sem distância, gostei muito do seu livro, do grupo e do blog! Um abraço!

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  6. Olá, Prof. Tori! Gostaria de parabenizá-lo pela palestra da última 3ª feira na USP em Ribeirão. Estava lá, pois estou iniciando meu Mestrado em Educação cujo objeto de estudo é o USO DAS NOVAS TICS NO ENSINO DAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE RIBEIRÃO PRETO. Já havia usado sua obra para elaboração do projeto, da qual gostei muito.
    Obrigado e parabéns pelo trabalho!
    Rômulo.

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    1. Eu que agradeço sua presença e sua mensagem. Grande abraço.

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  7. Olá, professor Tori!

    Sou professora do ensino fundamental público há mais de 30 anos e procuro sempre adaptar novas metodologias e diferentes recursos para atingir às expectativas de aprendizagem de Língua Portuguesa de meus alunos.

    No entanto, observo muitos entraves: escola sucateada com alguns recursos de internet sem a devida manutenção; professores sem formação para a adaptação das NTICs na prática pedagógica; grande resistência a mudanças por parte dos profissionais da educação; pouco investimento governamental neste âmbito repassado às escolas; muitos alunos ainda sem acesso particular à Internet. Se essa, professor, é a realidade, aqui do Sul (PR), imagine a de outras regiões!

    Em contrapartida, noto grande ênfase da EaD no ensino superior, tanto na esfera pública, quanto na privada. Durante a minha pós em EaD, na UNICESUMAR/MGA, constatei a expansão dos cursos regularizados pelo MEC e também a dos livres. Nesse nível de ensino, a modalidade a distância já é fato e cresce a cada dia: novos cursos sendo criados, professores se aperfeiçoando, cursos de tutoria aumentando, leis aprovadas que vêm de encontro com o desenvolvimento da modalidade, etc. Porém, há muito ainda a ser regularizado no tocante à carreira dos que atuam na EaD, principalmente dos professores tutores.

    Infelizmente, no Brasil, também há pouca mobilização para a implantação efetiva do Mestrado em Pedagogia e-learning. E é isso o que mais desejamos. Resta-nos ter esperança que a UAB brasileira se organize para isso, possibilitando aos interessados oportunidades para uma melhor preparação para atuar como professores tutores a distância.

    Quero, assim, parabenizá-lo pela sua atuação incentivando a modalidade de ensino a distância e desejar-lhe sucesso em seus empreendimentos.

    Abraço!
    Nilza

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