Caros leitores sem distância:
MOOC (Massive Open Online Courses ou Cursos Online Abertos e Massivos) é mais uma entre tantas siglas que surgem de repente na área de tecnologia educacional e passam a ser "buzinadas" em palestras, eventos, publicações, reuniões e, claro, em blogs. Na área de tecnologia usamos o termo buzzword para designá-las. São poucas, no entanto, as que sobrevivem ao modismo. Algumas perdem o nome mas perpetuam o conceito sob outra denominação. A maioria cai no esquecimento tão rapidamente quanto surgiram. MOOC já começa a produzir derivações. Recentemente o Prof Fredric Litto, presidente da ABED, me apresentou, entre diversas outras variantes, o conceito de MOOP (Massive Open Online Programs ou Cursos estruturados Abertos Online e Massivos). Essa evolução do conceito de MOOC é bem interessante, porque em lugar de um repositório de disciplinas (courses, em inglês) passaríamos a ter cursos completos e estruturados (program, em inglês), compostos por várias disciplinas .
Qual seria o destino do MOOC (tema também deste meu outro post) ? Difícil saber. Mas, para nos ajudar a reduzir a distância entre o que achamos e o que de fato é a experiência de aprender com MOOC, pedi a Elen Collaço, minha futura orientanda de doutorado, que nos relatasse sua experiência como aluna de MOOCs.
Fala Elen!
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MOOC: Modismo ou Inovação ?
Elen Collaço de Oliveira
MOOC (Massive Open Online Courses) vem recentemente explodindo no cenário acadêmico, e como o próprio nome diz, são cursos (ou disicplinas) online abertos e massificados. Eles são uma nova forma de aprender e oferecem centenas de disciplinas de graça; capazes de atingir milhares de alunos ao mesmo tempo. Existem duas grandes plataformas: o edX e o Coursera.
Eu conheci
essas plataformas no início de 2013 e nessa época não existia uma grande
quantidade de opções disponíveis como pode ser visto atualmente. Eu tenho um
interesse pessoal em bioquímica e biologia molecular – nenhum deles está
relacionado com minha formação acadêmica –, mas, estou sempre procurando
maneiras de aumentar meus conhecimentos nessas disciplinas. Por essa razão,
escolhi estudar primeiramente Introduction to Biology: The Secret of Life oferecido
pelo The Massachusetts Institute of Technology (MIT) e posteriormente o
curso Preparation for Introductory Biology: DNA to Organisms pela Universidade
da Califórnia.
A estrutura da
aula varia de acordo com o material da disciplina e da plataforma. Na primeira que me inscrevi, ministrado pelo professor Eric Lander do MIT, as aulas são
divididas em “Lectures”. Em cada “Lecture” existe uma sequência de vídeos de
aulas pequenas com duração média de 10 minutos (aproximadamente 2 horas por
semana), intercalados com fóruns de discussão e quizzes.
Os vídeos são
gravações de aulas reais em que Lander frequentemente olha diretamente para uma
câmera, fazendo uma varredura com o olhar em uma sala de aula repleta de
estudantes, proporcionando uma sensação de você ser mais um participante da
turma. Essa é uma tática simples, porém interessante para aproximar o público
online e diminuir a distância
transacional.
O conteúdo da disciplina é liberado aos poucos e separado por semana. A interface é simples e
muito fácil de navegar. Além disso, a plataforma proporciona uma sessão com um
gráfico do progresso do aluno juntamente com a nota dos quizzes, dos problemas
interativos e dos exames. Conforme a disciplina avança, os problemas interativos e
os exames são liberados.
Achei a
abordagem entre a teoria e a prática excelente. Todos os participantes puderam experimentar diferentes tipos de problemas interativos, alguns desses
problemas envolveram explorar uma enzima
tridimensional e clicar em seus átomos para observar características. Outro
problema procurou explorar um gene em que o
usuário clica em um determinado trecho de um genoma e de forma interativa
explora a sequência de pares de bases de DNA, compreendendo assim, a sua
estrutura eucariótica, expressão e mutação.
Outro aspecto
que chamou atenção foi o aprendizado baseado em um jogo chamado Foldit. Essa ferramenta permite o estudante
dobrar proteínas tridimensionais. Pontos são ganhos para dobrar estruturas que
devidamente levam em conta as muitas forças químicas que regem a estrutura da
proteína e as altas pontuações eram sinalizadas em um painel do curso;
proporcionado assim um senso de gamificação
para o estudante.
Gostei muito
também do espírito de colaboração entre os participantes do curso. Dado que o
fórum de discussão é o único lugar para fazer perguntas, pós-graduandos do
departamento de Biologia do MIT estavam sempre dispostos a responder às
perguntas e, além deles, milhares de outros estudantes de diferentes níveis
espalhados pelo mundo estavam lá para tirar dúvidas também. Isso tornou o fórum
animado e ativo e fez com que não me sentisse sozinha durante o processo de
aprendizagem.
Após o término
do curso no edX eu recebi um certificado gratuito e, entusiasmada com a
possibilidade de continuar estudando em universidades reconhecidas pelo mundo,
eu me inscrevi numa disciplina da Universidade da Califórnia oferecida pela plataforma
coursera. A estrutura da dsiciplina foi praticamente a
mesma, com pequenos vídeos de aulas divididos por quizzes, no entanto, em vez
de serem vídeos gravados a partir de uma sala de aula, esses vídeos foram
produzidos especialmente para o aluno online.
Mesmo com um
formato dos vídeos mais técnico, achei a disciplina ótima e me prendia a atenção o
tempo todo. Os vídeos são bem editados e são gravados em vários formatos –
professor ensinando sozinho, com slides, ou desenhando em slides ou uma tela em
branco. Conforme o professor fala e interage, um quadro com o seu rosto muda de
posição e tamanho no vídeo. Em momentos estratégicos o vídeo pausa e uma
pergunta surge. Isso é particularmente importante, pois oferece aos alunos a
oportunidade de aprender em pequenos segmentos e reforçar o que aprendeu com
testes práticos.
A avaliação
dos exames na plataforma coursera é bem interessante – conhecido como peer
assessments -, é composta da sua autoavaliação juntamente com a avaliação
de mais cinco colegas. O sistema escolhe aleatoriamente e de forma anônima os
alunos. Estes avaliam o exame de acordo com um formulário contendo explicações
e orientações para a atribuição da nota. Esse sistema de avaliação fez com que
eu reforçasse ainda mais o conteúdo e percebesse que, no geral, as mesmas
dúvidas e falhas que eu tinha, outros alunos também tinham. Outro recurso
disponível era um campo adicional para que o aluno pudesse escrever suas
considerações após a atribuição da nota. Enfim, gostei muito das avaliações que
recebi e procurei dar um bom feedback para os outros estudantes também.
O curso oferecido pelo edX teve
aproximadamente 40.000 inscritos, contudo apenas um pouco mais de 3.000
estudantes conseguiram concluir a disciplina e obter certificado. Apesar de o conteúdo
semanal ser relativamente pequeno, é necessário empenho e disciplina. Os exames
não eram triviais e eu precisei entender bem o conteúdo de forma abrangente
antes que eu pudesse responder com confiança. Além disso, os trabalhos - bem
como os problemas interativos e tarefas de final de curso- podem exigir um
grande esforço, mas é plenamente realizável.
Vale ressaltar
que os cursos do edX e coursera são gratuitos e oferecem dois níveis de
certificação: um livre e outro reconhecido mediante pagamento. O certificado
livre é conhecido como “Código de Honra” e você se compromete a não
disponibilizar a ninguém as respostas de seus trabalhos, quizzes e exames. Já
os certificados reconhecidos necessitam de uma webcam e um número de documento
para confirmar sua identidade, assim comprova que você - e mais ninguém -
realizou todas as tarefas exigidas. O custo pode variar entre $20 e $100.
Em resumo, a
experiência tem sido válida e, o mais importante, não interfere em minhas
outras atividades, considerando que no mundo em que vivemos as metas e
exigências são inúmeras. Paralelamente, existem outros tantos fatores motivacionais,
tais como: físicos, geográficos, financeiro, emocionais, mobilidade urbana,
comodismo, abertura para experiências, necessidade de ampliar conhecimentos,
aperfeiçoar competências e hobby.
Você pode estar incluído em um ou mais
fatores mencionados e aceitar o desafio de frequentar um MOOC, além de ter
grande chance de se dar bem! Cada vez mais pessoas necessitam adaptar seus
estudos, trabalho e sua vida social. MOOCs podem caber no seu universo. Seu
próximo curso pode ser um MOOC, QUE TAL?
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Elen Collaço de Oliveira é mestre em Engenharia Eletrônica e Computação pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA, atuando em detecção de falhas em sistemas de helicóptero. Durante esse tempo, expandiu seu conhecimento acadêmico em Tecnologia Educacional. Os interesses de pesquisa atuais incluem as áreas Learning Analytics, Aprendizagem Social, Learner-Computer Interaction e Reconhecimento de Padrões. Seu blog: www.elencollaco.wordpress.com .
O artigo da Elen é interessante embora ela apenas nos apresente e descreve suas vivências em MOOCs. Pelo título esperava entender a visão dos autores quanto à questão: MOOC - inovação ou modismo? Embora concorde com o Tori de que é difícil saber.
ResponderExcluirElen cita 2 grandes plataformas de MOOC. Gostaria de acrescentar, pelo menos, mais uma, a plataforma brasileira Veduca que hospeda MOOCs de universidades brasileiras e Open Courses de universidades estrangeiras. Vale conhecer.
Olá Vera,
ExcluirMuito obrigada pela sua contribuição.
Acho que somente saberemos a resposta para tal questão com o tempo. Mas, sinceramente, minha expectativa é que os MOOCs, para além de representarem uma inovação, sejam aperfeiçoados e desenvolvidos aqui no Brasil, até mesmo como importante ferramenta de inclusão e também com agregação de valor acadêmico.
Elen.
ola o que fui achar ! Quem é vivo sempre aparece !
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